Até que Ele venha

Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha – 1Co 11.23 a 26

 

INTRODUÇÃO:

Nas últimas mensagens tenho abordado o assunto da Segunda Vinda de Cristo. Estou ciente de que esse assunto, muitas vezes, é usado para infundir medo e obter controle sobre os ouvintes. No entanto, deixar de falar a respeito dele significa não anunciar todo o desígnio de Deus.

Pessoas que temem o assunto devem analisar sua fé, ou ausência de fé. Quem realmente creu em Jesus Cristo e foi regenerado pelo Espírito Santo não teme a volta de Cristo, pelo contrário, a deseja de todo coração.

 

O CONTEXTO DO TEXTO:

Paulo estava preocupado com algumas distorções litúrgicas na comunidade cristã de Corinto. Havia coisas preocupantes:

  1. Eles haviam perdido de vista a razão da celebração da Ceia do Senhor
  2. Eles estavam usando critérios mundanos na celebração da Ceia do Senhor
  3. O resultado dessas distorções era o aprofundamento da cisão que já havia entre eles.

Visando corrigir essas distorções, Paulo os instrui. Eis algumas de suas observações:

  • Jesus instituiu um modelo de celebração.

…tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue…

  • Jesus celebrou a Ceia do Senhor num contexto próprio.

Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído… – 1Co 11.23

Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela – Jo 13.1 a 4

Jesus poderia ter celebrado a nova aliança em qualquer momento de sua peregrinação terena, mas ele esperou até a última noite. Ele a celebrou no Cenáculo, em Jerusalém.

Tudo era intencional nessa celebração:

No primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, vieram os discípulos a Jesus e lhe perguntaram: Onde queres que te façamos os preparativos para comeres a Páscoa? E ele lhes respondeu: Ide à cidade ter com certo homem e dizei-lhe: O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos. E eles fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa. Chegada a tarde, pôs-se ele à mesa com os doze discípulos – Mt 26.17 a 20

  • Jesus deixou uma ordem para continuássemos a celebrar a Ceia do Senhor no intuito de lembrar sua morte “até que ele venha”.

…fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim… – 1Co 11.24b

 

Alguns pressupostos presentes na celebração da Ceia do Senhor:

DEUS CELEBROU CONOSCO UMA NOVA ALIANÇA

ALIANÇA – Pacto, acordo, contrato, acerto. É um acordo entre duas ou mais pessoas a respeito de algo que os une.

ELEMENTOS DA ALIANÇA:

  • PROPONENTES OU PACTUANTES
  • OS TERMOS DA ALIANÇA
  • O RITUAL DA ALIANÇA
  • Andar entre as partes. – Sangue derramado.
  • Recitação dos termos.
  • Refeição da aliança.
  • Memorial da aliança.
  • Presentes trocados.
  • O CARÁTER VITALÍCIO DA ALIANÇA

Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi – Is 55.3

Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim – Jr 32.40

Assim diz o SENHOR: Se a minha aliança com o dia e com a noite não permanecer, e eu não mantiver as leis fixas dos céus e da terra, também rejeitarei a descendência de Jacó e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência quem domine sobre a descendência de Abraão, Isaque e Jacó; porque lhes restaurarei a sorte e deles me apiedarei – Jr 33.25 e 26

  • O CARÁTER IRREVOGÁVEL DA ALIANÇA

Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo. E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa – Gl 3.15 a 17

  • COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS

JESUS QUER SER LEMBRADO POR SEU POVO

Jesus sabia que temos uma memória curta. Devido à Queda somos dados a nos esquecermos facilmente de tudo o que Deus tem feito por nós.

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios – Sl 103

Ao celebrarmos a Ceia do Senhor não estamos repetindo o sacrifício de Cristo – de forma incruenta como crê a Igreja Romana. Mas, estamos nos reportando, ainda que em reminiscência, ao que aconteceu naquela tarde de sexta-feira do ano 30 AD.

Esclarecimentos:

  1. Não devemos nos lembrar do evento no intuito de nos condoermos de Jesus, e sim, de reconhecermos que ele foi movido por amor.
  2. Devemos também ter em mente que foram os nossos pecados que tornaram necessária sua morte na cruz.
  • A CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR É UM PRENÚNCIO DA COMUNHÃO ETERNA

A aliança mosaica foi celebrada num banquete celestial:

Então, tomou Moisés aquele sangue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR fez convosco a respeito de todas estas palavras. E subiram Moisés, e Arão, e Nadabe, e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia uma como pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. Ele não estendeu a mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel; porém eles viram a Deus, e comeram, e beberam – Êx 24.8 a 11

A Bíblia fala de duas mesas do Senhor:

  • A mesa da comunhão temporária:

Que digo, pois? Que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Ou que o próprio ídolo tem algum valor? Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que ele? – 1Co 10.19 a 22

A mesa do Senhor a que Paulo se refere nesse texto é a participação dos cristãos na celebração da ceia do Senhor – “beber o cálice do Senhor”. Assim Paulo mostra a incoerência de alguém se sentar em mesa opostas entre si. Com isso ele queria dizer participar das cerimônias pagãs e cristãs em dias alternados.

  • A mesa da comunhão eterna:

Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus – Mt 8.11

Muitos virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul e tomarão lugares à mesa no reino de Deus – Lc 13.29

Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel – Lc 22.29 e 30

Jesus usa a figura de sentar-se à mesa como símbolo da comunhão que haverá na eternidade entre Deus e seu povo.

 

JESUS AINDA NÃO VEIO, MAS VIRÁ EM BREVE

Paulo acreditava que Jesus voltaria em seus dias:

Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha – 1Co 11.23 a 26

Paulo morreu em 67 AD. Jerusalém foi destruída em 70 AD. Mesmo depois da morte do apóstolo Paulo e da destruição de Jerusalém os cristãos continuaram a celebrar a ceia do Senhor. Isso mostra que eles não criam que Jesus houvesse voltado por ocasião da destruição de Jerusalém.

Foram unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia a apenas isso: em determinados dias costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento, não a nenhum crime, mas à abstenção de roubos, rapinas, adultérios, perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos, concluído este rito, costumavam distribuir e comer seu alimento: este aliás era um alimento comum e inofensivo – Testemunho de Plínio, o Jovem, governador da Bitínia ao imperador Trajano a respeito dos ritos cristãos em 112 AD

Plínio observa que os cristãos da Bitínia após concluir o rito “costumavam distribuir e comer seu alimento”, uma alusão à Festa Agápe, que acompanhava a celebração da ceia do Senhor.

 

CONCLUSÃO:

A celebração da ceia do Senhor é um rito cristão que encerra em si um simbolismo próprio.

Símbolo – algo composto de duas feições.

Se alguém se aparta de outrem, para que se reconheçam depois de algum tempo, lhe dá uma parte de algo que se constitui de duas partes. Ao se encontrarem novamente as partes unidas formam o símbolo.

Jesus partiu para os céus e deixou uma parte do símbolo conosco. Quando ele vier as partes se juntarão e nos reconheceremos nele e ele em nós.

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