Ainda no mundo

Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês. Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou. Se eu não tivesse vindo e lhes falado, não seriam culpados de pecado. Agora, contudo, eles não têm desculpa para o seu pecado. Aquele que me odeia, também odeia o meu Pai. Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez, eles não seriam culpados de pecado. Mas agora eles as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas isto aconteceu para se cumprir o que está escrito na Lei deles: ‘Odiaram-me sem razão’. Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito. E vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio – João 15.18 a 27

 

INTRODUÇÃO

Jesus estava se despedindo de seus discípulos e lhes deus algumas instruções.

  1. Irei, mas voltarei e os levarei para mim – Jo 14.1 a 4
  2. Eu sou o caminho, a verdade e a vida – Jo 14.6
  3. Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado – Jo 14.12
  4. Eu pedirei ao pai e ele dará a vocês outro Consolador – Jo 14.16
  5. Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele – Jo 14.23
  6. Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo – Jo 14.27
  7. Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira – Jo 15.4
  8. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma – Jo 15.5
  9. Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor – Jo 15.9
  10. O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei – Jo 15.12
  11. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido – Jo 15.15
  12. Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome – Jo 15.16

O QUE É MUNDO?

Watchman Nee, em seu livro Não Ameis o Mundo nos auxilia na compreensão do sentido da palavra kosmos – mundo – empregada por João. Segundo ele,

Na verdade, kosmos é peculiarmente uma palavra de João. Os outros evangelhos usam-na apenas quinze vezes (Mateus nove, Marcos e Lucas três vezes cada, enquanto Paulo emprega-a 47 vezes em oito cartas. Mas João usa-a 105 vezes ao todo, 78 em seu evangelho, 24 em suas epístolas e mais três vezes em Apocalipse. (Nee, p. 33-34)

Embora kosmos seja regularmente usado para denotar o conceito de mundo, há também o termo grego aion que também é traduzido como mundo, mas significando mais à “época” – Rm 12.2. No grego clássico o termo possuía duas conotações básicas 1) Ordem ou arranjo harmonioso; 2) Embelezamento ou ornamentação. Em 1Pe 3.3 o termo assume o significado de adorno.

Quando nos voltamos dos Clássicos para os escritores do Novo Testamento, descobrimos que seus usos da palavra “kosmos” enquadram-se em três grupos principais. (1) É usada em primeiro lugar com o sentido de universo material, o mundo todo, esta terra. Assim: Atos 17.14 “o Deus que fez o mundo, e tudo o que nele existe”; Mt. 13.35 (e em outros lugares) “a criação do mundo”; João 1.10 “estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele”; Marcos 16.15 “Ide por todo o mundo”. (2) O segundo uso de kosmos é duplo. É usado como: (a) para os habitantes do mundo em frases como a de João 1.10 “o mundo não o conheceu”; 3.16 “Deus amou ao mundo de tal maneira”; 12.19 “eis aí vai o mundo após Ele”; 17.21 “para que o mundo creia”. (b) Uma ampliação desse uso conduz à ideia da raça inteira dos homens separados de Deus e assim hostis à causa de Cristo. Assim: Hb. 11.38 “homens dos quais o mundo não era digno”; João 14.17 “que o mundo não pode receber”; 14.27 “não vo-la dou como a dá o mundo”; 15:18 “se o mundo vos odeia…”. (3) Em terceiro lugar, descobrimos que kosmos é usada nas Escrituras para assuntos mundanos: todo o círculo de bens, talentos, riquezas, vantagens e prazeres mundanos que embora vazios e transitórios; excitam nossos desejos e nos afastam de Deus, sendo assim obstáculos à causa de Cristo. (Idem, p. 6)

O mundo é visto nas Escrituras sob três perspectivas:

  1. O mundo físico – a criação de Deus, incluindo a terra e o universo criado. Nesse conjunto se inclui a biodiversidade terrestre, os reinos mineral, vegetal e animal.
  2. O mundo dos homens – Inclui-se aí as atividades humanas – agricultura, comércio, cultura, artes, entretenimento, transportes, comunicação, governos, religião, ordenamentos civis, militares, ciência e tecnologia, etc.
  3. A sociedade hostil a Deus e seu reino – Uma espécie de super-estrutura que age à parte do mundo físico e do mundo dos homens estabelecendo e distorcendo valores dentro do contexto do mundo dos homens.

 

  1. Exemplos do primeiro caso:

O mundo físico é composto de tudo aquilo que pode ser visto tanto o macrocosmos – ou seja, os planetas, sistemas solares, galáxias, enfim, o universo como tal – como o microcosmos, o mundo não visível aos olhos, porém, passível de ser visto por potentes lentes microscópicas – os seres unicelulares, bactérias, vírus e também os átomos e seus componentes.

Deus é o Criador do mundo e seu dono:

Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem; pois foi ele quem fundou-a sobre os mares e firmou-a sobre as águas – Sl 24.1 e 2

O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas – At 17.24

  1. Exemplos do segundo caso:

O mundo dos homens é o habitat humano – ou seja, o lugar onde o ser humano vive, onde ele mora, trabalha, estuda, se diverte, age e reage. Uma escola, uma universidade são exemplos do mundo humano do saber; um hospital, uma indústria, uma loja são exemplos de lugares onde o ser humano trabalha; uma casa, apartamento, uma choupana são exemplos de lugares onde o ser humano mora. O trabalho, a ciência, a indústria, o turismo, os espaços artísticos como teatro, cinema; os meios de transportes e locomoção são exemplos do mundo dos homens.

  1. Exemplos do terceiro caso:

O terceiro caso é como um parasita dos outros dois casos. A corrupção na atividade de extração dos minérios, a violência doméstica, os ilícitos no exercício de um emprego ou atividade comercial, a criação de leis que favoreçam um grupo em detrimento de outros, a criação de atividades artísticas que pervertam a moral e os bons costumes, o tráfico de drogas, o crime organizado, a conivência policial com o crime, a produção de medicamentos que causam dependência e não produzem cura alguma, o tráfico de pessoas para o mercado de prostituição, a deep web e dark web, a exploração do trabalho infantil e análogo à escravidão, o terrorismo em suas múltiplas modalidades, a espionagem, indústria de fake news, são exemplos do terceiro caso.

Satanás é o príncipe desse mundo:

Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo – Jo 12.31 (ver também 14.30 e 16.11)

Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno – 1Jo 5.19

Ele é o rebelde senhor deste mundo tenebroso:

Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais – Ef 6.11 e 12

Ilustrando:

Digamos que dois homens – Pedro e João – resolvem abrir um lacticínio em sociedade. Eles contatam um agenciador – Tiago – que vai aos sítios da vizinhança do laticínio e compra o leite produzido pelas vacas desses sítios.  O pasto, as vacas e o leite são componentes do mundo criado por Deus – o primeiro caso. Os sitiantes, o agenciador e os sócios do laticínio, bem como as ordenhas mecânicas, o curral, os galões de leite, o caminhão de transporte, os tanques de processamento do leite, o dinheiro pago aos sitiantes, ao agenciador e aos funcionários do laticínio, etc., são componentes do mundo dos homens – o segundo caso. A água que o sitiante adicionou ao leite, o preço abaixo da tabela pago pelo agenciador, o combustível “batizado” que o dono do posto de gasolina colocou na bomba e no tanque do transportador, o ágio cobrado pelo agenciador na entrega do leite, os empregados sem registro no laticínio e o produto adicionado ao leite após a pasteurização são componentes do mundo parasita – o terceiro caso.

John Stott adverte:

O povo de Deus vive num mundo que é frequentemente inamistoso e, certas vezes, declaradamente hostil. Nós vivemos constantemente expostos à pressão para “entrar­mos na forma”. No entanto, através de toda a Escritura, somos exortados a uma firme não-conformação, e as ad­vertências para quem cede ao mundanismo são muito sérias. No Antigo Testamento o Senhor disse ao seu povo depois do êxodo: “Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos, e os meus es­tatutos guardareis…”  Mesmo assim o povo disse a Samuel: “… constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações.”  E, mais tarde, Ezequiel teve que repreendê-los por sua idolatria: “…dizeis: Seremos como as nações, como as outras gerações da terra, servindo ao pau e à pedra.” Foi a mesma coisa nos dias do Novo Testamento. A despeito dos mandamentos bem claros de Jesus — “Não vos assemelheis a eles” – e de Paulo – “Não vos conformeis com este mundo”, a constante tendência do povo de Deus era, e ainda é, com­portar-se “como os gentios” – até que nada mais parece distinguir a igreja do mundo, os cristãos dos não-cristãos, em convicções, valores e padrões. (John Stott, Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 12)

Watchman Nee conclui:

Assim, salvação não é tanto uma questão pessoal de pecados perdoados ou inferno evitado. Precisa ser encarada mais em termos de um sistema do qual saímos. Quando sou salvo, faço meu êxodo de um mundo inteiro e minha entrada em um outro. Sou salvo agora de todo aquele império organizado que Satanás construiu em desafio ao propósito de Deus. Esse reino, o kosmos que tudo abrange, tem muitas entranhas. Naturalmente o pecado tem seu lugar prioritário ali, e as concupiscências mundanas; nossos mais estimados padrões humanos e meios de fazer as coisas fazem parte dele da mesma maneira. A mente humana, sua cultura e suas filosofias estão todas incluídas, juntamente com o melhor das ideologias sociais e políticas da humanidade. Ao lado dela deveríamos sem dúvida colocar as religiões do mundo, e entre elas aqueles pássaros manchados, o cristianismo mundano e sua “Igreja do mundo”. Onde quer que o poder do homem natural domine, existe naquele sistema um elemento que está sob a inspiração direta de Satanás. Se esse é o mundo, o que então é a salvação? Salvação significa que fujo dessa situação. Eu saio, realizo um escape daquele kosmos que tudo contém. Não pertenço mais ao padrão de coisas de Satanás. Coloco meu coração naquilo em que o coração de Deus está colocado. Tomo como meu objetivo Seu propósito eterno em Cristo, caminho para ele, e sou liberto deste. (Nee, p. 24 e 25)

O mundo a que João se refere é o mundo enquanto “sociedade organizada que se encontra em franca rebeldia contra Deus e seu reino” (Russel Shedd). Esse mundo odeia a Jesus Cristo e seus seguidores:

Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia – Jo 15.18 e 19

Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou – Jo 17.14

Transição:

O que João 15.18 a 27 nos fala sobre nossa vida no mundo que nos é hostil?

Como devemos viver nele e testemunhar da salvação em Cristo?

 

 

  1. ESCOLHIDOS E TIRADOS DO MUNDO

Fomos escolhidos por Jesus Cristo e tirados do mundo:

Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome. Este é o meu mandamento: amem-se uns aos outros. Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia – João 15.16 a 19

 

Alguns fatos inegáveis:

  1. Há uma escolha deliberada de Cristo em relação a nós

Há divergências teológicas quanto ao como e porque fomos escolhidos, porém, há consenso no fato de que fomos escolhidos:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado – Efésios 1.3 a 6

 

  1. Fomos tirados do mundo

Fomos espiritualmente tirados do domínio das forças que atuam no mundo:

Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele – Colossenses 1.13 a 16

 

  1. Mas ainda permanecemos no mundo

Paradoxalmente não pertencemos (não somos do) ao mundo, porém, ainda permanecemos no mundo:

Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou – João 17.14 a 16

 

  1. O mundo nos odeia

Causas do ódio gratuito do mundo a nós:

  • Não somos deste mundo.
  • Pertencemos àquele a quem o mundo odeia, ou seja, o Cristo.
  • O mundo ama apenas o que é seu.
  • Fomos escolhidos por Jesus Cristo.
  • Fomos tirados do mundo.
  1. PERSEGUIDOS POR CAUSA DA PALAVRA

Jesus nos confiou sua Palavra:

Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês – João 15.20

 

A Palavra de Jesus causa um estranhamento no mundo.

Portanto, uma vez que Cristo sofreu corporalmente, armem-se também do mesmo pensamento, pois aquele que sofreu em seu corpo rompeu com o pecado, para que, no tempo que lhe resta, não viva mais para satisfazer os maus desejos humanos, mas sim para fazer a vontade de Deus. No passado vocês já gastaram tempo suficiente fazendo o que agrada aos pagãos. Naquele tempo vocês viviam em libertinagem, na sensualidade, nas bebedeiras, orgias e farras, e na idolatria repugnante. Eles acham estranho que vocês não se lancem com eles na mesma torrente de imoralidade, e por isso os insultam. Contudo, eles terão que prestar contas àquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos – 1Pedro 4.1 a 5

 

A Palavra de Jesus condena o mundo e seu príncipe.

Chegou a hora de ser julgado este mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. […] Mesmo depois que Jesus fez todos aqueles sinais miraculosos, não creram nele. Isso aconteceu para se cumprir a palavra do profeta Isaías, que disse: Senhor, quem creu em nossa mensagem, e a quem foi revelado o braço do Senhor? Por esta razão eles não podiam crer, porque, como disse Isaías noutro lugar: Cegou os seus olhos e endureceu os seus corações, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure – João 12.31 e 37 a 40

 

Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus – João 3.17 a 21

 

  • PERSEGUIDOS POR CAUSA DO NOME

Jesus nos confiou seu nome:

Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou. Se eu não tivesse vindo e lhes falado, não seriam culpados de pecado. Agora, contudo, eles não têm desculpa para o seu pecado. Aquele que me odeia, também odeia o meu Pai. Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez, eles não seriam culpados de pecado. Mas agora eles as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas isto aconteceu para se cumprir o que está escrito na Lei deles: ‘Odiaram-me sem razão’ – João 15.21 a 25

 

Disse Jesus: Eu vim a este mundo para julgamento, a fim de que os cegos vejam e os que veem se tornem cegos. Alguns fariseus que estavam com ele ouviram-no dizer isso e perguntaram: Acaso nós também somos cegos? Disse Jesus: Se vocês fossem cegos, não seriam culpados de pecado; mas agora que dizem que podem ver, a culpa de vocês permanece – João 9.39 a 41

O nome de Jesus representa tudo o que Jesus é.

Ilustração:

A Defenestração de Praga:

No dia 23 de maio de 1618, um grupo de nobres adeptos do protestantismo invadiu o Castelo de Praga para exigir, dos representantes do imperador, o direito à liberdade religiosa. A situação agravou-se, e os nobres protestantes acabaram atacando os representantes do imperador e jogando-os pela janela do segundo andar do castelo. Esse acontecimento ficou conhecido como defenestração de Praga. Em seguida, os nobres da Boêmia anunciaram que Fernando II não era mais o rei daquele reino, e sim Frederico V, um conde que governava o Palatinado, uma das regiões que formavam o Sacro Império. Esse acontecimento deu início à primeira fase da Guerra dos Trinta Anos. Nesse momento, a guerra era um acontecimento interno relacionado com as disputas religiosas e de poder do interior do Sacro Império Romano-Germânico. Fonte: https://www.historiadomundo.com.br/

 

Os representantes do imperador estavam em Praga em nome do imperador. A defenestração deles equivalia à defenestração do próprio imperador.

Saulo, Saulo, por que me persegues?

Em sua viagem, quando se aproximava de Damasco, de repente brilhou ao seu redor uma luz vinda do céu. Ele caiu por terra e ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que você me persegue? Saulo perguntou: Quem és tu, Senhor?  Ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem você persegue – Atos 9.3 a 5

 

  1. TESTEMUNHAS NO MUNDO

Temos uma missão no mundo:

Quando vier o Conselheiro, que eu enviarei a vocês da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, ele testemunhará a meu respeito. E vocês também testemunharão, pois estão comigo desde o princípio – João 15.26 e 27

 

Hendriksen (2004, p. 716) observa que há dois testemunhos distintos, o do Espírito da verdade e dos discípulos:

Este Auxiliador, que procede eternamente do Pai, e que foi enviado por Jesus da parte do Pai, testificará a respeito do Filho. Ele está qualificado a fazer isso por causa de sua íntima relação com o Filho, sendo os dois um em essência. […] Quem poderia ser mais bem qualificado a testificar do que as testemunhas oculares? Visto que, desde o princípio do ministério de Cristo, esses discípulos tinham sido testemunhas oculares, eles também devem testificar. Seu testemunho, além do mais, servirá como meio pelo qual o Espírito Santo empregará para dar seu testemunho pessoal.

 

  1. SEM MOTIVOS PARA TEMER

Tenho-lhes dito tudo isso para que vocês não venham a tropeçar. Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus. Farão essas coisas porque não conheceram nem o Pai, nem a mim. […] Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo – João 16.1 a 3 e 33

 

Hendriksen (2004, p. 747-750) comenta:

O mundo sempre tenta isolar o verdadeiro crente. Os discípulos podem esperar tribulação de todos os lados (cf. 16.2) por causa de sua relação com o Mestre (15.21). Mas exatamente este princípio – ou seja, que o que acontece com o Mestre acontecerá também aos discípulos – também indica a direção oposta: o discípulo pode esperar vencer por causa de sua relação com o Mestre. As palavras, “Mas tenham bom ânimo; eu venci o mundo”, claramente implicam “e por isso vocês, meus seguidores, também vencerão;” […] Numa afirmação sem paralelo, por sua beleza e elevação espirituais, Jesus chega ao clímax de seu discurso. Ele diz: “Eu lhes disse essas coisas para que tenham paz em mim. No mundo, vocês têm tribulação; mas tenham bom ânimo, eu venci o mundo.” Implicação: “Certamente vocês também vencerão.”

 

Como Jesus venceu (overcome) o mundo?

Na oração sacerdotal Jesus menciona a palavra mundo 19 vezes. A oração de Jesus é uma oração triunfante.

  1. Jesus cumpriu sua missão plena e satisfatoriamente
  2. Jesus discipulou e guardou seus discípulos
  3. Jesus confia seus discípulos aos cuidados do Pai
  4. Jesus os uniu a si e ao Pai

Esse vencer o mundo obviamente tem um aspecto completamente diferente do que nós imaginamos e desejamos. Não é um triunfo visível, exterior, no qual o mundo é forçado por Jesus a ficar de joelhos. Não, é precisamente na morte indefesa, voluntária no madeiro maldito que acontece essa vitória sobre o mundo. Nele o mundo foi vencido no mais íntimo, em sua essência. Essa vitória de seu Senhor igualmente aponta o caminho para os discípulos. Também eles jamais terão a vitória com força e superioridade exterior, mas sempre viverão apenas como os que morreram e vencerão o mundo como os indefesos, os fracos e sofredores. Esse vencer acontece em Cristo, com base no fato de sua vitória realizada. No fim dos tempos, porém, a vitória de Jesus se tornará visível com glória, quando todo joelho se dobrar diante dele e toda língua confessar que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai‖ (Fp 2.9-11). (De Boor)

 

Jesus venceu o mundo por não se submeter a ele.

Jesus venceu o mundo por não jogar o jogo do mundo.

Jesus venceu o mundo porque preferiu morrer a fazer a vontade do mundo.

 

CONCLUSÃO

Os amigos de Jesus contam com a inimizade gratuita do mundo.

Os amigos de Jesus foram escolhidos por e tirados do poder do mundo.

Os amigos de Jesus serão perseguidos por causa da palavra e do nome de Jesus.

Nossa missão é dar testemunho de Jesus Cristo e a salvação que Deus oferece a todo aquele que nele crê.

Não há razão para temer.

 

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