A nossa comunhão

O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada), o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo – 1Jo 1.1 a 3

 

INTRODUÇÃO:

A comunhão a que João se refere é a comunhão cristã.

O QUE NÃO É E O QUE É COMUNHÃO CRISTÃ:

  1. A comunhão cristã não é algo eventual
  2. A comunhão cristã não é questão de afinidade
  3. A comunhão cristã não é uniformidade
  4. A comunhão cristã é uma dádiva de Deus
  5. A comunhão cristã é uma antecipação da bem-aventurança eterna

 

  • A NOSSA COMUNHÃO É COM O PAI, COM O FILHO, UNS COM OS OUTROS POR MEIO DO ESPÍRITO SANTO

Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo – 1Jo 1.3

Antes de tudo a nossa comunhão é com o Pai e com o Filho. Essa comunhão é a base de nossa comunhão fraterna:

Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. […] permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. […] Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço – Jo 15.1, 5, 9 e 10

Nesta metáfora proposta por Jesus Cristo a permanência do discípulo nele é o mesmo que desfrutar comunhão com ele. O discípulo deve permanecer em Cristo, em seu amor e no amor do Pai.

Jesus orou ao Pai:

Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja – Jo 17.20 a 26

Jesus pede ao Pai que os discípulos possam ser incluídos na comunhão que existe entre ele e o Pai desde a eternidade – Jo 17.5. A comunhão com o Pai e com o Filho é uma resposta de Deus à oração de Jesus Cristo. Ninguém pode ter comunhão com Deus sem que Deus permita que isso aconteça.

O pecado nos impede de ter comunhão com o Pai:

Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça. Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos, de iniquidade; os vossos lábios falam mentiras, e a vossa língua profere maldade – Is 59 1 a 3

Mas Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo:

No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! – Jo 1.29 (Também Is 53.5 e 6)

Por meio de Jesus Cristo temos o perdão dos nossos pecados e livre acesso a Deus por meio do Espírito Santo:

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados – Cl 1.13 e 14

Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito – Ef 2.14 a 18

O Espírito Santo torna possível a nossa comunhão com o Pai, com o Filho e uns com os outros:

A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós – 2Co 13.13

A comunhão cristã é a comunhão do Espírito Santo, ou seja, aquela comunhão que é tornada possível pelo Espírito Santo.

 

  • NOSSA COMUNHÃO É UM REFLEXO DA COMUNHÃO QUE HÁ ENTRE O PAI, O FILHO E O ESPÍRITO SANTO

O Pai, o Filho e o Espírito Santo vivenciam a plenitude da harmonia:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. […] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai – Jo 1. 1 a 3 e 14

Por toda a eternidade o filho estava com o Pai, por breve tempo ele deixou a agradável convivência com o Pai para vir “buscar e salvar o que estava perdido” – Lc 19.10.

Jesus orou ao Pai:

Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo – Jo 17.1 a 5

Ao cumprir sua missão Jesus pede ao Pai que lhe seja concedida a graça de retornar à gloriosa comunhão com o Pai.

Mas antes ele precisava experimentar a mais dolorosa de todas as experiências, o abandono do Pai:

Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra. Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? – Mt 27.45 e 46 (Sl 22.1)

Jesus cita o texto de Salmo 22 em profundo desespero. Ele nunca havia experimentado o abandono do Pai:

Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo – Jo 16.32

Na cruz ele se fez pecado em nosso lugar e experimentou o que nós deveríamos experimentar:

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus – 2Co 5.21

Jesus, na cruz, experimentou o que jamais experimentaremos. O que torna o inferno infernal não é a presença de Satanás nele, é o abandono de Deus. Um só instante do abandono de Deus é algo insuportável e excede nossa capacidade de expressar e suportar.

 

Uma vez consumada a nossa redenção, tendo sido recebido nos céus pelo Pai ele se assentou à direita do Pai e nos enviou o Espírito da Promessa do Pai:

Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles – Hb 1.1 a 4

Pedro testemunhou:

A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.

O Espírito nos une ao Pai, ao Filho e uns aos outros:

Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz; há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo;  um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos – Ef 4.1 a 6

Também:

Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito – 1Co 12.13

Não há comunhão cristã sem a mediação do Espírito Santo. Ele torna possível a nossa comunhão. Temos comunhão uns com os outros porque estamos em Cristo e temos todos o mesmo Espírito que nos faz um só corpo em Cristo em plena comunhão com o Pai.

 

  • NOSSA COMUNHÃO SE TORNA VISÍVEL NA CONVIÊNCIA HARMONIOSA (TANTO QUANTO POSSÍVEL)

Assim como Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem, desde a eternidade, em plena comunhão, assim também a vida eterna consiste em vida em comunhão, a comunhão cristã, que é uma antecipação da comunhão eterna.

O salmista, com ricos recursos retóricos e poéticos, exclama:

Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre – Sl 133.1 a 3

A comunhão cristã é singular:

  1. Ela é boa
  2. Ela é agradável
  3. Ela é preciosa
  4. Ela é uma bênção
  5. Ela é vital e vitalizadora

Os cristãos devem reconhecer a importância da comunhão cristã e devem se empenhar em cultivar e aprofundar a comunhão fraterna por meio de ações convergentes.

Paulo nos exorta:

Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz – Ef 4.1 a 3

A comunhão é cultivada com atitudes que a promovem:

  1. Humildade
  2. Mansidão
  3. Longanimidade
  4. Mútua tolerância
  5. Amor fraternal

As ações recíprocas, fundamentadas no amor, promovem e profundam a nossa comunhão:

O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor; regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor. Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem – Rm 12. 9 a 21

 

 

CONCLUSÃO:

Uma última pergunta:

  • Você gostaria de pregar o evangelho com efetividade?

Se sim, o segredo é viver a comunhão cristã intensa e extensivamente:

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros – Jo 13.34 e 35

Também:

Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim – Jo 17.20 a 23

O amor entre nós é a mais eloquente pregação que o mundo pode e deve ouvir. Muito mais efetiva que qualquer método humano. O amor é contagiante e o mais convincente argumento a favor da veracidade do evangelho.

Então…

Viva a comunhão cristã!

Que Deus nos ajude. Amém

Soli Deo Glória.

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