Anatomia de uma calamidade

UMA RELEITURA DA NARRATIVA BÍBLICA DE 1 CRÔNICAS 21

Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel. Disse Davi a Joabe e aos chefes do povo: Ide, levantai o censo de Israel, desde Berseba até Dã; e trazei-me a apuração para que eu saiba o seu número. Então, disse Joabe: Multiplique o SENHOR, teu Deus, a este povo cem vezes mais; porventura, ó rei, meu senhor, não são todos servos de meu senhor? Por que requer isso o meu senhor? Por que trazer, assim, culpa sobre Israel? Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe; pelo que saiu Joabe e percorreu todo o Israel; então, voltou para Jerusalém. Deu Joabe a Davi o recenseamento do povo; havia em Israel um milhão e cem mil homens que puxavam da espada; e em Judá eram quatrocentos e setenta mil homens que puxavam da espada. Porém os de Levi e Benjamim não foram contados entre eles, porque a ordem do rei foi abominável a Joabe. Tudo isto desagradou a Deus, pelo que feriu a Israel – 1Cr 21.1 a 7

 

INTRODUÇÃO:

Esclarecimentos:

  • O presente sermão se propõe a ser uma reflexão sem a intenção de ser conclusiva
  • Alguns ouvintes não entenderão esse sermão
  • Poucos vão gostar desse sermão.

 

A Título de Começo de Conversa:

A Peste – Albert Camus

Na manhã de um dia 16 de abril dos anos de 1940, o doutor Bernard Rieux sai do seu consultório e tropeça num rato morto. Este é o primeiro sinal de uma epidemia de peste que em breve toma conta de toda a cidade de Orã, na Argélia. Sujeita a quarentena, essa torna-se um território irrespirável e os seus habitantes são conduzidos até estados de sofrimento, de loucura, mas também de compaixão de proporções desmedidas.

Uma história arrebatadora sobre o horror, a sobrevivência e a resiliência do ser humano, A Peste é uma parábola de ressonância intemporal, um romance magistralmente construído, que, publicado originalmente em 1947, consagrou em definitivo Albert Camus como um dos autores fundamentais da literatura moderna. (Sinopse da Editora Dois Mundos)

 

RESENHA: ‘A PESTE’ E O RECOMEÇO DO OLHAR

A peste é a crônica de uma epidemia na cidade de Orã, Argélia, que ocorreu em um ano indeterminado da década de 1940. Ela é dividida em cinco partes e foi escrita entre 1942 e 1947. O livro contém reflexões recorrentes na obra do autor, como a absurdidade da existência, o exílio, o amor, a revolta e a solidariedade humana. Como analogia, a narrativa e a doença alertam o leitor para uma constante ameaça política sobre sua vida e direitos. Ela apresenta uma forma de transformar o modo como vemos o cotidiano ao seu redor, além de retraçar a história de um destino coletivo, em que o elo entre pessoas de condições semelhantes prevalece sobre o individualismo heroico. A pintura de tais temas e o estilo sóbrio do escritor sensibilizam o olhar do leitor a questões sociais e existenciais que retornam através dos tempos. […]

Aproxima-se, assim, a experiência trágica dos cidadãos sob a epidemia ao que é vivido por pessoas que tiveram os direitos e a vida suprimidos pela guerra e consequente ocupação alemã (a “peste marrom”), o que Camus reforçou em declarações na época. Deste contexto, a obra projeta-se a outras possíveis ameaças políticas que persistem ainda hoje. O duplo sentido de diversos termos utilizados ao longo do livro reforça o entendimento de que se “o bacilo da peste não dorme nunca”, o totalitarismo se mantém à espreita. É preciso, portanto, vigiar, dentre outras coisas, esse terrorismo irracional de Estado, abordado pelo escritor também em O Homem Revoltado.

As palavras e as circunstâncias adquirem duplo sentido com menção ao contexto histórico, como o aprisionamento, a existência de um mercado paralelo, cadáveres sendo incinerados em fornos, a escolha de combatentes para sacrificar a vida pela cidade. Ao mesmo tempo, a crítica a mecanismos de poder e coerção social expõe estratégias discursivas que manipulam a população, abstraindo problemas concretos e alimentando sua ignorância. […]

Os contornos de cada um, suas grandes ambições e vaidades, diluem-se no exílio. Agora a cidade está repleta de “sombras errantes”. Algumas delas recorrem ao passado e ao sentimento de falta do ser amado, de arrependimento. Furtando-se à tragédia coletiva, tentam se revestir com um invólucro de uma paixão pessoal, assim, “o egoísmo do amor preservava-os”. Mas a esse torpor contrapõe-se com mais força certa objetividade no combate ao cruel destino.

“Já não havia destinos individuais, mas uma história coletiva que era a peste e sentimentos compartilhados por todos”. Em situação de calamidade pública, quando o aporte financeiro já não basta, voltamos a nos perguntar qual lugar ocupamos na sociedade e que contribuição podemos oferecer. E seja por instinto de sobrevivência, seja por solidariedade, as personagens que se percebem como pertencentes à cidade cumprem diferentes papéis na luta. Em um estágio avançado de epidemia, com o aumento do desemprego, “a miséria mostra-se mais forte que o medo” e as formações sanitárias ganham reforço.

O burocrata Grand, por exemplo, poderia facilmente ser apenas um Gregor Samsa de A Metamorfose. A única diferença é que, além de servidor de uma repartição, ele tem o desejo de saber se expressar e, para isso, repete o mesmo início de um romance todas as noites para decidir ao final que a questão era tirar os adjetivos em excesso. Ele “só tinha um pouco de bondade no coração e um ideal aparentemente ridículo”, mas faz a diferença por ficar duas horas a mais na repartição e contribuir com seus conhecimentos à contabilização da peste. Rambert, que estava de passagem em Orã e acabou preso por conta da epidemia, decide no último momento abandonar sua tentativa de fuga e contribuir na luta contra a peste, pois “tem vergonha de ser feliz sozinho e sente que pertence à cidade”.

O tom sóbrio e frio do narrador ao expor a decisão de tais personagens não os eleva. Pelo contrário, procura dar “ao heroísmo o lugar secundário que lhe cabe”. Desmistifica, com isso, a função do herói individual como centro das narrativas. O narrador lamenta não poder narrar um grande feito, mas a peste que os atinge, diferentemente dos vilões clássicos, é um inimigo “monótono”. O próprio Rieux em seu trabalho cotidiano de tratar os doentes da peste não vê nisso algo a se exaltar: “Estou nas trevas e tento ver claro. Há muito que deixei de achar isso original”.

A tragédia que a epidemia ilumina já é nossa constante luta contra a morte de cada dia. Com esse entendimento, o leitor direciona os olhos, então, ao plano metafísico da questão. Camus escreveu em seus cadernos enquanto redigia A Peste: “O Estrangeiro descreve a nudez do homem diante do absurdo. A Peste, a equivalência profunda dos pontos de vista individuais diante do mesmo absurdo”. Assim, se o flagelo faz parte dos desígnios divinos, como quer o padre Paneloux em seus sermões, o doutor Rieux, por sua vez, “recusa-se até a morte amar esta criação em que as crianças são torturadas”. Como palco dessa luta entre homem e Deus, os momentos de morte de uma criança, o filho do juiz Othon, leva a fé cristã ao seu limite em uma das cenas mais intensas da crônica.

A condenação à morte é condição natural da vida, mas nos esquecemos disso. Tarrou também nos recorda. Filho de um procurador-geral responsável por enviar criminosos à guilhotina, ele guardava com horror a imagem do réu condenado diante da própria morte iminente. Personagem que verbaliza a total oposição de Camus à pena de morte – esse assassinato cometido pelo Estado -, ele luta contra a epidemia, dando o exemplo de uma reação positiva à absurdidade da vida, em outras palavras, ele se revolta.

Assim também Rieux: “Há horas, nesta cidade, em que nada sinto senão a minha revolta”. Para ele, essa revolta consiste em fazer o seu trabalho e a jamais se habituar ao escândalo do sofrimento humano. Antes de se conectar com algo que transcende à vida, ele opta por reforçar o elo solidário com o mundo a sua volta e com cada pessoa que padece. Uma das cenas mais simbólicas desse elo é, ao final da quarta parte, quando Rieux e Tarrou decidem suspender a luta contra o flagelo para tomarem um banho de mar, algo proibido no atual estado de sítio. Ele experimenta, então, “uma estranha felicidade”. A felicidade, no entanto, “nada esquecia”. Os dois amigos cedem à alegria da amizade e ao contato com a natureza, mas guardam a lucidez de que sempre é preciso recomeçar.

Raphael Luiz de Araújo é doutor em letras pela USP, professor de língua portuguesa e literatura, e tradutor de  Os Primeiros Cadernos, de Camus (https://revistacult.uol.com.br/home/a-peste-e-o-recomeco-do-olhar/ encontrado em 10/04/2021)

PERSONAGENS:

      • Doutor Bernard Rieux – uma espécie de alter ego de Camus.
      • Padre Panelou – crente nos poderes da religião frente à ameaça da peste.
      • Cottard – contrabandista que explora as possibilidades de ganho na epidemia.
      • Jean Tarrou – um viajante que se move da indiferença para a solidariedade.
      • Joseph Grant – funcionário público que se empenha no combate à epidemia.
      • Raymond Rambert – jornalista que fazia uma matéria sobre os árabes.
      • O Prefeito – valoriza a retórica e teme as reações do povo. Seu filho morre durante a praga.

 

Lição 1: A humanidade é incrivelmente previsível.

DE VOLTA AO TEXTO BÍBLICO:

Algumas Observações:

  1. Uma história pouco conhecida.
  2. Quando falamos em epidemias na Bíblia somos naturalmente levados às sete pragas do Egito. Mas, a Bíblia nos dá a entender que houve diversas epidemias nos tempos antigos.
  3. 70 mil homens morreram:

Então, enviou o SENHOR a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens – verso 14

Setenta mil homens representa uma perda considerável. Israel deveria ter no máximo seis milhões de habitantes nesse período. O agravante é o curto período de apenas três dias. Isso equivale a mais de 23 mil mortes por dia.

Por que essa história está na Bíblia?

  • Tudo foi escrito para a nossa instrução:

Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança – Rm 15.4

Há lições valiosíssimas nesta narrativa.

 

O CONTEXTO DO TEXTO:

Davi estava no auge de seu governo, talvez por volta do ano 980 a.C.

Disse Davi a Joabe e aos chefes do povo: Ide, levantai o censo de Israel, desde Berseba até Dã; e trazei-me a apuração para que eu saiba o seu número – verso 2.

O que estava por trás da ordem de Davi? As razões de Davi estavam em seu coração vaidoso e orgulhoso, resquício de sua vida pregressa.

Não podemos fazer uma leitura simplória do texto, ele contém elementos que merecem uma investigação mais profunda.

  • CAUSAS:

Tudo tem uma causa – Aristóteles:

Para Aristóteles, a investigação filosófica é acima de tudo uma investigação sobre as causas das coisas, porque, segundo ele: “Nada vem do nada e tudo tem uma finalidade”. Em outras palavras, há quatro causas implicadas na existência de algo, que seriam a explicação do como e por que cada coisa é o que é. As quatro causas são: causa material, causa formal, causa eficiente e causa final.

  1. Causa material, corresponde à matéria-prima.
  2. Causa eficiente, corresponde ao agente criador.
  3. Causa formal, corresponde ao formato que algo possui.
  4. Causa final, a finalidade do que foi produzido.

 

DE QUEM É A CULPA?

Essa é uma pergunta que nos incomoda:

Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? – Jo 9.1 e 2

  • DE DEUS?

O texto correspondente de Segundo Samuel afirma:

Tornou a ira do SENHOR a acender-se contra os israelitas, e ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá – 2Sm 24.1

Por que culpamos Deus?

Parece razoável culpar Deus. É uma herança maldita do primeiro casal. Na mútua acusação do primeiro casal está implícita a atribuição de culpa a Deus.

O Trilema de Hume:

  1. Se Deus é bom e o mal existe Ele não é Todo-poderoso
  2. Se Deus é Todo Poderoso e bom, o mal não existe
  3. Se Deus é Todo Poderoso e o mal existe, Ele não é bom

 

  • DE SATANÁS?

A narrativa do autor do Primeiro Livro das Crônicas é diferente da versão de Primeiro Samuel:

Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel – 1Cr 21.1

As Crônicas dos Reis de Judá são uma releitura dos livros de Primeiro, Segundo Samuel e Primeiro e Segundo Livro dos Reis. Nesse processo de releitura/reescrita, numa ótica a partir do templo, Satanás é mencionado como o originador da ação de incitar Davi a “levantar o censo de Israel”.

Quão ativo o tentador foi nisso (1Cr 21.1): Satanás levantou-se contra Israel e incitou Davi a fazer isso. É dito (2Sm24.1) que a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele moveu Davi a fazê-lo. Os justos julgamentos de Deus devem ser observados e reconhecidos até mesmo nos pecados e injustiça dos homens. Temos certeza de que Deus não é o autor do pecado – ele não tenta o homem; e, portanto, quando é dito que ele induziu Davi a fazê-lo, deve ser explicado pelo que é sugerido aqui, que, para fins sábios e santos, ele permitiu que o diabo o fizesse. Aqui nós rastreamos esse fluxo imundo até sua base. Que Satanás, o inimigo de Deus e todo o bem, se levantasse contra Israel, não é estranho; é o que ele almeja, enfraquecer as forças, diminuir os números e eclipsar a glória do Israel de Deus, a quem ele é Satanás, um adversário jurado. Mas o fato de ele poder influenciar Davi, o homem do coração de Deus, a fazer algo errado, é de fato admirável. Alguém poderia pensar que ele é um daqueles em quem o maligno não toca. Nem mesmo os melhores santos, até chegarem ao céu, nunca devem pensar que estão fora do alcance das tentações de Satanás. Agora, quando Satanás pretendia fazer um mal a Israel, que curso ele tomou? Ele não moveu Deus contra eles para destruí-los (como Jó, Jó_2: 3), mas ele provocou Davi, o melhor amigo que eles tinham, a contá-los, e assim ofender a Deus, e colocá-lo contra eles. (Matthew Henry Commentary on the Whole Bible – 1Cr 21.1 – Edição Eletrônica)

  • DE DAVI?

Não resta dúvida que Davi é mostrado como culpado nesse episódio.

Disse Davi a Joabe e aos chefes do povo: Ide, levantai o censo de Israel, desde Berseba até Dã; e trazei-me a apuração para que eu saiba o seu número. Então, disse Joabe: Multiplique o SENHOR, teu Deus, a este povo cem vezes mais; porventura, ó rei, meu senhor, não são todos servos de meu senhor? Por que requer isso o meu senhor? Por que trazer, assim, culpa sobre Israel? Porém a palavra do rei prevaleceu contra Joabe; pelo que saiu Joabe e percorreu todo o Israel; então, voltou para Jerusalém – 1Cr 21.2 a 4

RESUMINDO:

Há um misto de ações – de Deus, de Satanás e de Davi.

  1. Deus é visto como causa primária, mas não como culpado:

De nenhum modo o escritor bíblico atribui culpa do incidente a Deus. Para ele as causas do desastre estão noutros personagens e, Deus tão somente age e reage de conformidade com sua natureza santa, justa e boa.

O leitor pode atribuir ou tentar atribuir culpa e Deus, mas fará isso sozinho, sem o aval do escritor bíblico.

  1. Satanás é visto como causa subjacente, portanto, culpado:

O próprio termo Satanás indica sua culpabilidade. Ele é o opositor de Deus e inimigo da humanidade, criada à imagem e semelhança de Deus.

  1. Davi é visto como causa eficiente, culpadíssimo:

Não há dúvidas que o texto coloca sobre Davi a culpa real e efetiva neste incidente.

  1. Causa Natural – um agente capaz de levar homens sadios a óbito em curto espaço de tempo.

Não sabemos qual seria o tipo de praga que matou 70 mil homens em Israel. O agente natural poderia ser uma bactéria, um vírus, um bacilo. Nesse caso o agente de contaminação seria a causa natural.

 

Lição: Em toda catástrofe natural ou não sempre haverá um misto de culpados e vítimas.

REAÇÕES

O texto nos mostra as reações de seus personagens antes, durante e depois da epidemia.

 

ANTES:

  • DAVI SE ORGULHA

A primeira reação de Davi é péssima. Ele reage ao “sucesso” com vaidade e orgulho.

  • JOABE SE OPÕE

A respeito de Joabe o texto diz que:

  1. Joabe parece a pessoa mais lúcida da narrativa.
  2. Joabe se opõe inutilmente à decisão catastrófica do rei Davi.
  3. Joabe executa, a contragosto, a missão que lhe foi imposta.
  4. Joabe obedece parcialmente.
  • DEUS SE IRA

Tudo isto desagradou a Deus, pelo que feriu a Israel – verso 7

Então, enviou o SENHOR a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens – verso 14

 

DURANTE

    • O POVO SOFRE

Falou, pois, o SENHOR a Gade, o vidente de Davi, dizendo: Vai e dize a Davi: Assim diz o SENHOR: Três coisas te ofereço; escolhe uma delas, para que ta faça. Veio, pois, Gade a Davi e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Escolhe o que queres: ou três anos de fome, ou que por três meses sejas consumido diante dos teus adversários, e a espada de teus inimigos te alcance, ou que por três dias a espada do SENHOR, isto é, a peste na terra, e o Anjo do SENHOR causem destruição em todos os territórios de Israel; vê, pois, agora, que resposta hei de dar ao que me enviou – versos 9 a 12

As 3 opções:

  1. Três anos de fome;
  2. Três meses sendo consumido diante dos teus adversários, e a espada de teus inimigos te alcance;
  3. Três dias a espada do SENHOR, isto é, a peste na terra, e o Anjo do SENHOR causem destruição em todos os territórios de Israel.

Em todas as opções (3 anos, 3 meses ou 3 dias) o povo iria sofrer do mesmo jeito.

Ao responder que preferia cair nas não do Senhor – verso 13 – Davi escolheu a terceira opção, ou seja, “três dias a espada do SENHOR, isto é, a peste na terra, e o Anjo do SENHOR causem destruição em todos os territórios de Israel”.

 

DEPOIS:

    • DAVI SE ARREPENDE

Davi viu o estrago causado por sua decisão estúpida e arbitrária e se arrependeu amargamente:

Então, disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; caia eu, pois, nas mãos do SENHOR, porque são muitíssimas as suas misericórdias, mas nas mãos dos homens não caia eu. […]e levantando Davi os olhos, viu o Anjo do SENHOR, que estava entre a terra e o céu, com a espada desembainhada na mão estendida contra Jerusalém; então, Davi e os anciãos, cobertos de panos de saco, se prostraram com o rosto em terra. Disse Davi a Deus: Não sou eu o que disse que se contasse o povo? Eu é que pequei, eu é que fiz muito mal; porém estas ovelhas que fizeram? Ah! SENHOR, meu Deus, seja, pois, a tua mão contra mim e contra a casa de meu pai e não para castigo do teu povo – versos 13, 16 e 17

  • DEUS SE ARREPENDE

O SENHOR deu ordem ao Anjo, e ele meteu a sua espada na bainha – verso 27

Deus suspendeu a segunda parte da punição.

Tal como em Nínive – Jn 3. Deus suspende o seu juízo (ou parte dele) quando há arrependimento daqueles que precisam se arrepender.

 

Licão 3: Diante de uma catástrofe sempre haverá várias reações, algumas impróprias e outras próprias e efetivas.

  • A DEUS SEJA A GLÓRIA

O texto não termina no veros 17:

Então, o Anjo do SENHOR disse a Gade que mandasse Davi subir para levantar um altar ao SENHOR, na eira de Ornã, o jebuseu. Subiu, pois, Davi, segundo a palavra de Gade, que falara em nome do SENHOR. Virando-se Ornã, viu o Anjo; e esconderam-se seus quatro filhos que estavam com ele. Ora, Ornã estava debulhando trigo. Quando Davi vinha chegando a Ornã, este olhou, e o viu e, saindo da eira, se inclinou diante de Davi, com o rosto em terra. Disse Davi a Ornã: Dá-me este lugar da eira a fim de edificar nele um altar ao SENHOR, para que cesse a praga de sobre o povo; dá-mo pelo seu devido valor.  Então, disse Ornã a Davi: Tome-a o rei, meu senhor, para si e faça dela o que bem lhe parecer; eis que dou os bois para o holocausto, e os trilhos, para a lenha, e o trigo, para oferta de manjares; dou tudo. Tornou o rei Davi a Ornã: Não; antes, pelo seu inteiro valor a quero comprar; porque não tomarei o que é teu para o SENHOR, nem oferecerei holocausto que não me custe nada. Davi deu a Ornã por aquele lugar a soma de seiscentos siclos de ouro. Edificou ali um altar ao SENHOR, ofereceu nele holocaustos e sacrifícios pacíficos e invocou o SENHOR, o qual lhe respondeu com fogo do céu sobre o altar do holocausto. O SENHOR deu ordem ao Anjo, e ele meteu a sua espada na bainha. Vendo Davi, naquele mesmo tempo, que o SENHOR lhe respondera na eira de Ornã, o jebuseu, sacrificou ali.

 

A origem histórica do Templo de Salomão:

Começou Salomão a edificar a Casa do SENHOR em Jerusalém, no monte Moriá, onde o SENHOR aparecera a Davi, seu pai, lugar que Davi tinha designado na eira de Ornã, o jebuseu. Começou a edificar no segundo mês, no dia segundo, no ano quarto do seu reinado – 2Cr 3.1 e 2

O início da construção do Templo em Jerusalém se deu por volta do ano 971 a.C. (BARNES)

  • Em Jerusalém

A cidade escolhida por Deus.

  • No Monte Moriá

A mesma região onde cerca de 1.000 anos antes Abraão se dirigiu para oferecer seu filho Isaque em sacrifício a Deus – Gn 22.

  • Na Eira de Ornã

O local comprado por Davi – 1Cr 21.18 a 30.

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