Firme até o fim

9Por favor, venha assim que puder. 10Demas me abandonou, pois ama as coisas desta vida e foi para Tessalônica. Crescente foi embora para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia. 11Apenas Lucas está comigo. Traga Marcos com você, pois ele me será útil no ministério. 12Enviei Tíquico a Éfeso. 13Quando vier, não se esqueça de trazer a capa que deixei com Carpo, em Trôade. Traga também meus livros e especialmente meus pergaminhos. 14Alexandre, o artífice que trabalha com cobre, me prejudicou muito, mas o Senhor o julgará pelo que ele fez. 15Tome cuidado com ele, porque se opôs fortemente a tudo que dissemos. 16Na primeira vez que fui levado perante o juiz, ninguém me acompanhou. Todos me abandonaram. Que isso não seja cobrado deles. 17Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças para que eu pudesse anunciar as boas-novas plenamente, a fim de que todos os gentios as ouvissem. E ele me livrou da boca do leão. 18Sim, o Senhor me livrará de todo ataque maligno e me levará em segurança para seu reino celestial. A Deus seja a glória para todo o sempre! Amém. 19Envie minhas saudações a Priscila e a Áquila e à família de Onesíforo. 20Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto. 21Faça todo o possível para estar aqui antes do inverno. Êubulo lhe manda lembranças, e também Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos. 22Que o Senhor esteja com seu espírito. E que a graça esteja com todos vocês.
2ª TIMÓTEO 4.9-22

O FIM DAS COISAS É MELHOR

Quando estamos começando a vida, raramente pensamos assim, mas Salomão estava certo ao dizer:

Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio; a paciência é melhor do que a arrogância
Ec 7.8, NAA.

Quem realmente acredita nisso? Poucos! Somente aqueles que já viveram o suficiente sabem que é verdade: o fim das coisas é melhor que o começo. E para chegar até o fim, a paciência humilde é indispensável. Iniciar algo é empolgante, mas o verdadeiro valor está no final, quando os frutos de uma longa caminhada são colhidos. Persevere com fé para alcançar o fim e experimentar essa verdade. Paulo experimentou essa realidade. O texto que lemos retrata os últimos momentos de sua vida, enquanto o fim se aproximava. Ele estava preso em Roma pela segunda vez, e dessa vez sairia apenas para ser executado. Paulo perseverou até o fim. Ele viveu com fé e esperança, mostrando que o fim é, de fato, melhor que o começo. Ele cultivou um espírito indomável — nada o detinha. Foi um náufrago que se tornou salva-vidas, um portador de esperança. E só conseguiu perseverar porque renovava constantemente sua esperança em Cristo, fazendo d’Ele sua fonte de encorajamento.

O PONTO FUNDAMENTAL: ENCORAJAMENTO
As palavras finais de Paulo em sua carta a Timóteo (2Tm 4.9-22) são fragmentadas, com o apóstolo saltando de nome em nome, misturando experiências amargas e doces. É um texto que, à primeira vista, parece difícil de estruturar de forma didática: “Fulano fez isto, sicrano aquilo, e beltrano fez outra coisa. Faça isso, eu fiz aquilo…” E assim segue o fluxo.

Apesar de parecer uma colcha de retalhos, com pedaços de dores e delícias, a narrativa de Paulo nos permite chegar a uma conclusão clara: o impacto que o apóstolo desejava causar em Timóteo com esses versículos era de encorajamento. Ele queria transmitir que, por mais difícil que seja o ministério (ou a vida de um discípulo), o Senhor Jesus é totalmente confiável e suficiente. Os versículos 17 e 18 são o ápice desse sentimento, carregados de esperança:

“17Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças para que eu pudesse anunciar as boas-novas plenamente, a fim de que todos os gentios as ouvissem. E ele me livrou da boca do leão.
18Sim, o Senhor me livrará de todo ataque maligno e me levará em segurança para seu reino celestial.”

Para entender plenamente a força dessas palavras, é importante considerar os acontecimentos tristes que Paulo descreve ao redor delas. Ele nos confronta com dificuldades, tristezas, mas também com uma beleza de partir o coração e uma esperança que permeia toda a passagem. Vamos explorar algumas dessas tristezas antes de fazermos aplicações práticas desse texto.

1 – AS DIFICULDADES DO RELACIONAMENTO CRISTÃO

Paulo, ao escrever, deixa claro que deseja que Timóteo entenda o quanto é desafiador — mas extremamente recompensador — viver os laços do relacionamento no ministério cristão.  Primeiro, é importante lembrar que o ministério cristão não é exclusivo para pastores, missionários, educadores ou líderes de pequenos grupos na igreja. O ministério cristão é para todos nós. Cada um de nós é chamado a viver para o bem, a salvação, a santificação e a edificação do outro em relacionamentos que, de alguma forma, sempre envolvem discipulado. Este ministério, o ministério cristão relacional, é difícil, mas vale a pena.

Paulo nos dá alguns exemplos de dificuldades que ele mesmo enfrentou:

  • No verso 10, ele escreve: “Demas me abandonou, pois ama as coisas desta vida e foi para Tessalônica.” Demas, que parece ter sido um parceiro fiel (como vemos em Colossenses 4.14: “Lucas, o médico amado, e também Demas mandam saudações”), agora o abandonou. Ser traído ou abandonado é um dos desafios mais dolorosos na caminhada cristã.
  • Além disso, é difícil quando enfrentamos a solidão no ministério. Paulo diz nos versículos 10-11: “Crescente foi embora para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia. Apenas Lucas está comigo.” Houve um tempo em que Paulo estava cercado por um grande time de colaboradores, mas agora restava apenas Lucas.
  • No verso 14, ele menciona: “Alexandre, o artífice que trabalha com cobre, me prejudicou muito.” E no verso 15: “Tome cuidado com ele, porque se opôs fortemente a tudo que dissemos.” O ministério relacional cristão não é apenas difícil por causa da solidão, do abandono ou do desprezo dos de dentro, mas também por causa da oposição pessoal e hostil dos de fora. Tanto o silêncio prolongado de um amigo quanto um golpe verbal de um inimigo (ou amigo da onça) podem ferir profundamente. O relacionamento cristão pode ser uma jornada dolorosa.
  • Talvez a frase mais triste de toda a carta esteja no versículo 16: “Na primeira vez que fui levado perante o juiz, ninguém me acompanhou. Todos me abandonaram.” Essas palavras mostram o quão solitários os relacionamentos cristãos podem se tornar. No momento de maior necessidade, os irmãos de Paulo não apareceram para ajudá-lo, todos o abandonaram. E surge a pergunta: onde estavam Êubulo, Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos que enviaram saudações a Timóteo no verso 21? E Lucas, onde estava ele? Essa ausência é intrigante, e voltaremos a ela mais adiante. Por enquanto, percebemos a tristeza dessas palavras: “Sem ninguém! Todos me abandonaram!”
  • Nos versículos 20-21a, Paulo acrescenta: “Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto. Faça todo o possível para estar aqui antes do inverno.” Isso mostra que, muitas vezes, decisões estratégicas podem afastar amigos (como Erasto em Corinto, e Crescente na Galácia e Tito na Dalmácia). Outras vezes, a doença interrompe uma parceria (como Trófimo em Mileto). E, constantemente, as mudanças de estação tornam a solidão ainda mais difícil (por isso, Paulo pede a Timóteo para chegar antes do inverno).

Paulo compartilha essas experiências para que Timóteo compreenda o quão árduo é o ministério cristão e os relacionamentos que ele envolve, mas, ao mesmo tempo, o apóstolo deseja transmitir que, apesar das dificuldades, tudo isso vale a pena. Ele não quer que Timóteo deixe de ser um homem dedicado tanto à Palavra quanto às pessoas.

2 – AS DECEPÇÕES DO RELACIONAMENTO CRISTÃO

“Demas me abandonou, pois ama as coisas desta vida e foi para Tessalônica.”
4.10

Não sabemos se Demas algum dia se arrependeu e voltou. As Escrituras não registram nenhuma evidência de arrependimento ou restauração. Situações como essa nos decepcionam profundamente, não é verdade? Pessoas próximas, que serviram ao nosso lado, de repente se apaixonam pelo mundo, largam tudo e simplesmente vão embora. Isso nos machuca.

Paulo queria que Timóteo sentisse essa decepção não apenas como uma preparação para futuras tristezas no ministério, mas também como um alerta, para que ele mesmo não seguisse o caminho de Demas. O apóstolo explica claramente o motivo da partida de Demas: “Ele, amando as coisas desta vida, me abandonou.”

Há um tipo de amor pelo mundo que torna impossível viver o ministério ou o relacionamento cristão de maneira plena. Esse amor faz com que cristãos, pastores ou líderes abandonem o ministério, ou o transformem em algo tão mundano que se sintam à vontade no meio dele. Você já conheceu pessoas assim? Gente que, ou abandona tudo em troca do mundo, ou transforma o ministério para se adequar aos padrões do mundo, buscando conforto.

Sob a liderança de Paulo, Demas não poderia moldar o ministério aos moldes do mundo (Paulo jamais permitiria!). Então, ele simplesmente partiu, abandonou o apóstolo e foi para Tessalônica. Todos nós precisamos refletir sobre essa situação.

Há um tipo de amor pelo mundo — pelos prazeres, pela cultura que ignora ou distorce Deus — que é incompatível com o amor verdadeiro e profundo que devemos ter por Cristo, pela Palavra e pelo próximo. Esse amor pelo mundo nos impede de denunciar o pecado, de testemunhar a cruz, de resgatar pessoas da condenação, e de transformar o mundo para a glória de Deus, em nome de Cristo e pelo poder do Espírito Santo.

Lembre-se sempre: mais pessoas abandonam Cristo, a igreja, o ministério e a esperança do céu por causa desse amor pelo mundo do que por qualquer outro motivo.

E então, podemos nos perguntar: o que havia em Tessalônica? Por que Demas escolheu aquele lugar? Era uma mulher? Um homem? Talvez saudade de casa, já que ele poderia ter crescido lá? Foi uma oferta comercial? Dinheiro? Ou ele simplesmente se sentia mais confortável e seguro longe de um apóstolo tão comprometido com Cristo? O que sabemos é que Demas não saiu para seguir Jesus. Ele abandonou Jesus para abraçar os prazeres do mundo. Isso acontece com alguns de nossos irmãos e parceiros mais queridos no ministério. E, infelizmente, muitos deles nunca voltam. Decepcionante, não é?

3 – AS DORES DO RELACIONAMENTO CRISTÃO

Há duas situações no versículo 11 que revelam as dores dos relacionamentos cristãos: “Apenas Lucas está comigo. Traga Marcos com você, pois ele me será útil no ministério.”

Primeiro, pense em João Marcos: “Traga Marcos com você, pois ele me será útil no ministério.” João Marcos havia abandonado Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária (Atos 13:13). Esse episódio fez com que Paulo se recusasse a levá-lo na segunda viagem, o que causou uma desavença entre ele e Barnabé, levando-os a se separar (Atos 15:37-41). No entanto, agora, no fim da vida, Paulo diz: “Traga Marcos, ele me será útil.” A lição aqui é clara: amigos no ministério ou na caminhada cristã podem nos causar dores, mas também podem continuar sendo bons amigos — algum dia.

Agora, considere Lucas: “Apenas Lucas está comigo.” Lucas parece ter estado ao lado de Paulo desde Trôade, na segunda viagem missionária (veja a mudança do pronome de “eles” em Atos 16:8 para “nós” em Atos 16:11). Ele sempre foi um amigo próximo de Paulo, seu “amado” (Colossenses 4:14), médico pessoal e biógrafo (escrevendo Atos). E aqui, em 2 Timóteo 4:11, ele aparece como o amigo mais próximo do apóstolo.

No entanto, o versículo 16 traz uma surpresa: “Na primeira vez que fui levado perante o juiz, ninguém me acompanhou. Todos me abandonaram. Que isso não seja cobrado deles.” Todos? Ninguém esteve lá? Nem Lucas? Parece que não. Mas devemos ser cautelosos aqui. Talvez Lucas estivesse em uma viagem importante ou estivesse doente.

E quanto aos irmãos mencionados no versículo 21b? “Êubulo lhe manda lembranças, e também Prudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos.” Paulo os considera fiéis o suficiente para enviar saudações a Timóteo, mas nenhum deles apareceu no tribunal para apoiá-lo! Eles o deixaram sozinho.

Qual foi a reação de Paulo? Ele diz: “Que isso não seja cobrado deles!” Paulo não os condena, não guarda rancor. Ao contrário, ele envia as saudações desses mesmos irmãos a Timóteo em sua carta. Ele não resmunga! Na vida cristã, pessoas queridas, que amamos e respeitamos, podem nos decepcionar e não estar presentes quando mais precisamos. Mas isso não deve nos levar a julgá-las e condená-las rapidamente.

Com base na atitude de Paulo e no exemplo de Cristo — que perdoou Pedro por tê-lo negado e os demais discípulos por terem fugido —, precisamos aprender a não ser simplistas nem implacáveis. É simplista dizer: “Se eles fossem cristãos de verdade, teriam ficado ao meu lado!” ou “Se realmente me amassem, não teriam feito isso!” A realidade é que seres humanos são complexos e as circunstâncias da vida são complicadas. É possível amar profundamente alguém e, mesmo assim, magoá-lo. Isso é resultado do pecado em nós.

Portanto, não seja simplista e não seja implacável. Aprenda a perdoar como Paulo fez e como Cristo nos ensina. Quando pensar nos cristãos que o machucaram, repita para si mesmo e para Deus: “Que isso não seja cobrado deles!” Bons amigos e irmãos amados podem nos fazer sofrer, mas ainda assim continuar sendo bons amigos. Lucas, Êubulo, Prudente, Lino, Cláudia e todos os outros, por alguma razão, não estiveram presentes no julgamento de Paulo. Mas ele os perdoou e ainda enviou suas saudações a Timóteo.

 

FIRME ATÉ O FIM
Paulo permaneceu firme até o fim. Não foram as dificuldadesdecepções e dores do relacionamento cristão que o fizeram desistir de Cristo ou das pessoas. Como tudo isso foi possível? Como foi possível para Paulo permanecer firme e forte até o fim? O que isto nos ensina?

 

1 – Valorize a companhia de outros cristãos para fortalecer sua fé.

Embora a presença de Cristo seja o fundamento da vida cristã, Ele não planejou que nossa comunhão com Ele substituísse a necessidade de amizades cristãs.

A presença de Cristo deve ser a alegria central da amizade cristã. E a alegria da amizade centralizada em Cristo deverá aumentar o valor de Cristo como o tesouro comum dos cristãos.” (John Piper).

Em 2 Timóteo 4:17, Paulo testemunha que, quando todos o abandonaram, “o Senhor ficou ao meu lado e me deu forças”. Cristo foi sua rocha, mas isso não significa que Paulo desprezava a companhia dos amigos. Nos versículos 9 e 21, ele pede urgentemente para que Timóteo venha vê-lo o mais rápido possível, enfatizando: “Venha logo” e “Faça todo o possível para estar aqui antes do inverno.” Esse desejo profundo de ter seus amigos próximos revela que, mesmo com a presença de Jesus, Paulo ansiava por comunhão humana. Ele não via os relacionamentos com outros cristãos como substituíveis, mas como parte vital de sua jornada espiritual. Paulo sempre reconheceu que Cristo morreu para criar não apenas crentes isolados, mas uma comunidade de fé, a igreja, onde as amizades fortalecem e edificam uns aos outros. As amizades cristãs não apenas refletem o amor de Cristo, mas também são um meio pelo qual Deus nos sustenta em nossa caminhada. Assim como Paulo precisava de Timóteo, todos nós precisamos da presença de outros cristãos para nos encorajar, fortalecer e perseverar na fé.

 

2 – Mantenha acesa a chama da comunhão com Cristo.

Embora as amizades cristãs sejam preciosas, elas nunca devem substituir a comunhão com Cristo. Em 2 Timóteo 4:17-18, Paulo destaca que o Senhor não apenas permaneceu ao seu lado quando todos o abandonaram, mas também o fortaleceu e o livrou de todo ataque maligno. Aqui, Paulo enfatiza que, por mais importantes que sejam os amigos terrenos, apenas Cristo pode estar conosco em todas as circunstâncias e nos proteger do mal. Ninguém além de Jesus pode garantir nossa salvação e conduzir-nos ao reino celestial. Esse reconhecimento é o que levou Paulo a perseverar em sua comunhão com Cristo, mesmo quando outros o decepcionaram ou o abandonaram. Ele menciona Demas, que o deixou porque amou o mundo (v. 10), e Paulo vê nisso um alerta para todos os crentes: não permita que nada nem ninguém esfriem sua comunhão com Cristo.

Mas quando seus amigos de fé ou discipuladores falharem ou os pastores — quando não comparecem ao seu julgamento, no leito do hospital ou na sua maior crise — não transforme o fracasso deles em uma rejeição suicida, abandonando o maior amigo (Cristo) que está sempre lá em toda e qualquer circunstância e o levará finalmente para a eternidade no céu para desfrutar de amizades com ele mesmo e com os seres humanos mais maravilhosos e aperfeiçoados que você jamais poderia neste mundo conhecer.

Portanto, enquanto buscamos comunhão com outros cristãos, nunca devemos permitir que essa comunhão substitua ou enfraqueça nossa ligação direta com Cristo. Ele é o único que pode nos sustentar até o fim.

 

3 -Cuide do seu corpo, mente e espírito, vivendo com simplicidade e modéstia

Em 2 Timóteo 4:13, Paulo, mesmo consciente de sua iminente execução, pede a Timóteo que traga sua capa, seus livros e especialmente seus pergaminhos. Esse pedido é revelador de várias maneiras. Primeiro, Paulo cuida de sua saúde física, pedindo uma capa para se aquecer durante o inverno. Em segundo lugar, ele valoriza o estímulo mental, pedindo seus livros para continuar estudando e crescendo em conhecimento. E, finalmente, ele reconhece a necessidade de alimentar sua vida espiritual, pedindo seus pergaminhos, que provavelmente continham as Escrituras. Mesmo diante da morte, Paulo não negligencia nenhuma dessas áreas da vida. Sua solicitação demonstra um equilíbrio entre o cuidado do corpo, da mente e do espírito, mesmo nas circunstâncias mais adversas. Além disso, o fato de Paulo pedir a mesma capa que havia deixado em Trôade, em vez de simplesmente adquirir uma nova, reflete sua modéstia e simplicidade. Embora Paulo tenha lidado com grandes somas de dinheiro ao longo de seu ministério, ele não acumulava bens para si mesmo, mas vivia de maneira modesta, priorizando a missão de Cristo. Isso é um lembrete para todos nós sobre o uso sábio de nossos recursos: não devemos acumular tesouros na terra, mas investir na obra de Deus. Paulo nos ensina que, mesmo quando enfrentamos a morte, devemos estar focados em crescer na graça e no conhecimento de Jesus, mantendo uma vida simples e dedicada à expansão do Reino de Deus.

Uma história final: William Tyndale, um ano antes de ser estrangulado e queimado na fogueira em 1536 por traduzir a Bíblia para o idioma inglês, escreveu de sua prisão, ao norte de Bruxelas (Bélgica), em tons parecidos com os de Paulo:

Eu imploro a vossa senhoria… que, se eu permanecer aqui durante o inverno, solicite ao comissário a gentileza de me enviar, de meus bens que ele possui… um casaco mais quente, pois o que tenho é muito fino; um pedaço de pano para remendar as pernas da calça… Mas, acima de tudo, imploro e suplico que sua clemência seja urgente com o comissário, para que ele me permita ter a Bíblia hebraica, a gramática hebraica e o dicionário hebraico, para que eu possa passar o tempo estudando.

Pelo que você implorará no final de sua vida? Terá que ser por Cristo; ou algo ou alguém que lhe proporcione mais de Cristo.

CONCLUSÃO

Siga firme até o fim! Somente Cristo, nosso Senhor, pode nos livrar de todo ataque maligno e nos levar em segurança para o Seu reino celestial (2Tm 4.17). Segure-se com fé em Cristo, confie n’Ele de todo o coração. Caminhe com amigos de fé, gente que te aproxima de Cristo e te fortalece na jornada. Mantenha sua mente e seu coração aquecidos pela palavra de Cristo. E nunca esqueça: enquanto Ele te protege e te conduz em segurança ao lar celestial, Ele também te chama para algo grandioso — fazer discípulos. Como diz o apóstolo (2Tm 4.17-18):

17Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças para que eu pudesse anunciar as boas-novas plenamente, a fim de que todos os gentios as ouvissem. E ele me livrou da boca do leão. 18Sim, o Senhor me livrará de todo ataque maligno e me levará em segurança para seu reino celestial. A Deus seja a glória para todo o sempre! Amém.

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