O centro das Escrituras

Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei, o qual vocês receberam e no qual estão firmes. Por meio deste evangelho vocês são salvos, desde que se apeguem firmemente à palavra que lhes preguei; caso contrário, vocês têm crido em vão. Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo – 1Co 15.1 a 8

INTRODUÇÃO:

Paulo, em sua carta aos coríntios, defende perante eles seu apostolado. Muitos não acreditavam que ele fosse um apóstolo. Na sua defesa Paulo mostra sua compreensão a respeito do evangelho de Cristo. Nesta parte da carta ele defende que a pessoa, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, o que alguns teólogos designam como “Evento Cristo” é o centro das Escrituras.

  • Quem é Jesus – sua identidade – “Cristo” – verso 3a.
  • A vida de Jesus – seus ensinos e ações – o que ele fez e ensinou.
  • A morte de Jesus Cristo – sua natureza fatual e vicária – verso 3b e 4a.
  • A ressurreição de Jesus Cristo – sua natureza fatual e plena – verso 4b.

Segundo o apóstolo era a isso que os coríntios deveriam se apegar – verso 2. Esse era o evangelho que Paulo havia pregado a eles, o qual eles haviam recebido e no qual estavam firmes – verso 1.

O centro das Escrituras:

A pessoa, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo; o evento Cristo é o centro das Escrituras. Tudo o mais orbita ao redor disto.

  1. QUEM É ESSE? – Mc 4.41

A identidade de Jesus Cristo sempre foi motivo de muitos debates. Mesmo em seus dias:

Quem é esse? Indagaram…

  1. Os discípulos – Mc 4.41
  2. Os fariseus e mestres da lei – Lc 5.21
  3. Os membros do sinédrio – Jo 5.12

Alguns arriscaram uma resposta dizendo:

  1. Um impostor – Mt 27.63
  2. Um enganador do povo – Jo 7.12
  3. Um profeta – Jo 7.40
  4. Um dos profetas – Mt 16.14
  5. O profeta que havia de vir – Jo 6.14
  6. O filho de Davi – Mt 12.23; 15.22; 22.42; Lc 18.38

 

Mas quem é Jesus?

Simão Pedro respondeu:

“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” – Mt 16.16

Esta resposta é satisfatória.

Alguém sabiamente disse: A Bíblia toda pode ser dividida em duas mensagens:

  1. O Messias virá
  2. O Messias veio e voltará

Se retirarmos Jesus Cristo das Escrituras não sobrará nada. Será como tirar o gérmen de uma semente. Será como tirar o núcleo de um átomo.

A identidade de Jesus é tão essencial às Escrituras que o próprio Cristo afirmou ser o seu assunto principal:

Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida – Jo 5.39 e 40

  1. NINGUÉM FALOU COMO ESSE HOMEM? – Jo 7.46

Jesus ensinava o povo com autoridade:

Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei – Mt 7.28 e 29

Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei – Mc 1.22

Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque falava com autoridade –  Lc 4.32

Jesus não somente interpretava as Escrituras ele reforçava seu conteúdo:

Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados – Mt 5.21, 27, 31, 33, 38 e 43

Mas eu lhes digo… – Mt 5.22, 28, 32, 34, 39 e 44.

Ninguém poderia, em sã consciência, fazer isso. Nenhum rabino, mestre da lei ou sacerdote se via na condição de interpretar as Escrituras como Cristo a interpretava. Dizer “eu, porém, lhes digo…” tal afirmação seria considerada uma blasfêmia imperdoável. Ninguém a não ser Deus poderia dizer o que Jesus Cristo disse.

Jesus sabia muito bem o sentido pretendido pelo autor das Escrituras porque ele era o Autor.

Uma aula magna particular:

Ele lhes disse: “Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?” E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras. Ao se aproximarem do povoado para o qual estavam indo, Jesus fez como quem ia mais adiante. Mas eles insistiram muito com ele: “Fique conosco, pois a noite já vem; o dia já está quase findando”. Então, ele entrou para ficar com eles.Quando estava à mesa com eles, tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu a eles. Então os olhos deles foram abertos e o reconheceram, e ele desapareceu da vista deles.  Perguntaram-se um ao outro: “Não estavam ardendo os nossos corações dentro de nós, enquanto ele nos falava no caminho e nos expunha as Escrituras?” – Lc 24.25 a 32

E abriu-lhes o entendimento:

E disse-lhes: “Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras. E lhes disse: “Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas. Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto” – Lc 24.44 a 49

Aplicando a lição aprendida:

Então Filipe correu para a carruagem, ouviu o homem lendo o profeta Isaías e lhe perguntou: “O senhor entende o que está lendo?” Ele respondeu: “Como posso entender se alguém não me explicar?” Assim, convidou Filipe para subir e sentar-se ao seu lado. O eunuco estava lendo esta passagem da Escritura: “Ele foi levado como ovelha para o matadouro, e como cordeiro mudo diante do tosquiador, ele não abriu a sua boca. Em sua humilhação foi privado de justiça. Quem pode falar dos seus descendentes? Pois a sua vida foi tirada da terra”. O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, por favor: de quem o profeta está falando? De si próprio ou de outro?” Então Filipe, começando com aquela passagem da Escritura, anunciou-lhe as boas novas de Jesus – At 8.30 a 35

A autoridade de Jesus em relação às Escrituras era derivada dos seguintes fatos:

  1. Jesus Cristo, sendo Deus, é também o autor das Escrituras – Hb 1.1 e 2
  2. Jesus é o assunto principal das Escrituras.
  3. Jesus é a Palavra de Deus encarnada, da qual a palavra escrita é um mero testemunho – Jo 1.1 a 14
  4. Jesus vivia o que pregava e pregava o que vivia.
  5. CRISTO MORREU PELOS NOSSOS PECADOS – 1Co 15.3

A morte substitutiva de Jesus Cristo havia sido preanunciada em todos os livros do Antigo Testamento:

  1. O animal que morre para que seu couro cobrisse a nudez do primeiro casal – Gn 3.21
  2. O sacrifício de Abel – Gn 4.4
  3. O sacrifício da aliança abraâmica – Gn 15.9 e 10
  4. O substituto de Isaque – Gn 22.13
  5. O cordeiro pascal – Êx 12.1 a 7
  6. Os sacrifícios do Yom Kippur– Lv 16
  7. OObede Adonai– Is 53

A noção de substituição estava clara para os filhos de Israel:

Então um deles, chamado Caifás, que naquele ano era o sumo sacerdote, tomou a palavra e disse: “Nada sabeis! Não percebeis que vos é melhor que morra um homem pelo povo, e que não pereça toda a nação”. Ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus morreria pela nação judaica, e não somente por aquela nação, mas também pelos filhos de Deus que estão espalhados, para reuni-los num povo – Jo 11.49 a 52

A morte substitutiva de Jesus foi objeto de pregação dos apóstolos:

Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação – Rm 4.25

Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou – 2Co 5.14 e 15

A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, que se entregou a si mesmo por nossos pecados a fim de nos resgatar desta presente era perversa, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém – Gl 1.3 a 5

Ele morreu por nós para que, quer estejamos acordados quer dormindo, vivamos unidos a ele – 1Ts 5.10

Paulo afirma:

Ele foi entregue à morte por nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação – Rm 4.25

  1. PRIMÍCIA DOS QUE DORMEM – 1Co 15.20

As Escrituras não somente nos ensinam quem é Jesus, o que ele fez e ensinou, o que ele padeceu e por que padeceu, mas também que ele venceu a morte e se tornou nossa garantia de que, assim como ele venceu, nós também a venceremos.

Tudo o que Jesus fez e ensinou visava levá-lo a padecer tudo o que padeceu para que experimentasse a morte em nosso lugar e se tornasse a primícia dos que dormem:

Vemos, todavia, aquele que por um pouco foi feito menor do que os anjos, Jesus, coroado de honra e glória por ter sofrido a morte, para que, pela graça de Deus, em favor de todos, experimentasse a morte. Ao levar muitos filhos à glória, convinha que Deus, por causa de quem e por meio de quem tudo existe, tornasse perfeito, mediante o sofrimento, o autor da salvação deles. […] Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte – Hb 2.9 a 15

O plano de Deus para a salvação da humanidade demandava a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” – At 17.30 e 31

Porque:

Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Todavia, Deus, queé rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus – Ef 2.3 a 7

Assim, se:

… você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo – Rm 10.9

E se:

… Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados.

Mas:

… de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que dormiram.

Porque:

… sabemos que aquele que ressuscitou ao Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará com vocês – 2Co 4.14

Para que possamos:

… esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos: Jesus, que nos livra da ira que há de vir – 1Tm 1.10

CONCLUSÃO:

Em Jesus nós podemos encontrar a síntese de todos os ensinamentos das Escrituras. Tentar interpretar as Escrituras sem Jesus é como pendurar um móbile no vazio.

Enquanto, ó Salvador, teu livro eu ler,
Meus olhos vem abrir, pois quero ver
Da mera letra, além, a Ti, Senhor;
Eu venho a Ti, Jesus, meu Redentor.

À beira-mar, Jesus, partiste o pão,
Satisfazendo ali a multidão;
Da vida o pão és Tu; vem, pois, assim,
Satisfazer, Senhor, a mim, a mim!

Hino 137 – Cantor Cristão

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